A
importância do cooperativismo para a economia será tema de uma palestra na
Tecnoshow Comigo 2017, em Rio Verde, no sudoeste de Goiás, a partir das 11h
desta quarta-feira (5). O palestrante será o mestre em administração de
empresas e especialista em gestão empresarial de cooperativas Mauri Pimentel.
A proposta da palestra, de acordo com Pimentel, é avaliar os desafios e os
riscos expostos às sociedades cooperativas, além de abordar a importância dela
para o agronegócio brasileiro.
“É importante discutir a importância disso, pois qualquer coisa que venha
ameaçar a sustentabilidade da cooperativa, ao longo do tempo, passa pela
economia. O que a gente coloca é que a identidade coorporativa está relacionada
a isso e é preciso que a gente cuide, de alguma forma, garanta a
sustentabilidade, para que o produtor rural continue como protagonista desse
processo”, completou o administrador.
Pimentel, que também é diretor financeiro do Instituto Brasileiro de Estudos em
Cooperativismo (Ibecoop), irá discutir se a identidade se tornou um desafio à
sustentabilidade do cooperativismo. Ele considera que a perda da identidade é
um dos maiores riscos operacionais sujeitos à atividade, pois resulta no
enfraquecimento da organização.
As cooperativas, segundo Pimentel, são
empreendimentos, de natureza social, formados por um grupo de associados, como
produtores rurais, que têm os mesmos objetivos econômicos. Ele explica que é
importante que, ao longo do tempo, seja construída a identidade das cooperativas,
para determinar a existência dela.
“Se a gente não prestar atenção, na
garantia de existência das cooperativas, corre o risco de isso afetar o
agronegócio, como um todo, já que elas geram riqueza no meio rural e é preciso
se preocupar com a sustentabilidade delas”, afirmou.
O administrador acredita que garantir
a sustentabilidade das cooperativas é contribuir para setores importantes da
economia do país. Ele lembra que dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), de 2014, mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) do
agronegócio representou entre 22% e 23% do total da economia no Brasil, na
época. Segundo Pimentel, parte significativa da geração de riqueza do Brasil
passa pelo meio rural e, principalmente, pelas cooperativas.
Ele exemplifica que as cooperativas
surgem quando grupos de produtores percebem que não conseguem conduzir as
demandas do mercado sozinhos e resolvem se unir, com os mesmos objetivos
econômicos, para organizar as produções regionais.
Segundo o especialista, antes, agentes
de comercialização, que faziam o papel de atravessadores, faziam o transporte
do produto entre os produtores e acabavam tirando ganhos da economia rural.
“Em algum momento, na história, lá
atrás, eles [os produtores] perceberam que não conseguiriam sozinhos no
mercado, e que o lucro da produção estava sendo adquirido pelos atravessadores.
Eles se juntaram em torno de uma cooperativa e começaram a exercer um processo
de organização da produção, do desenvolvimento da produção e da
comercialização, eliminando o atravessador”, explicou.
De acordo com o especialista, qualquer
ameaça à sustentabilidade do cooperativismo traria impactos à economia
nacional, em especial ao agronegócio brasileiro. Segundo ele, as cooperativas
são importantes, tanto para os cooperados quanto para a economia nacional.
“Ela organiza a produção e coloca na
mão do produtor os meios de produção, tanto controle do processo produtivo,
eliminando os atravessadores, que só estavam se apropriando dos resultados”,
completou.
O produtor rural Max Eugênio, que é
cooperado da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais (Comigo),
concorda com a importância de se discutir o tema. Segundo ele, que produz soja
e milho, a relação entre as partes funciona na base da confiança.
“A empresa privada quer vender o mais
caro e comprar o mais barato. E a cooperativa é diferente. É transparente, não
tem exploração, ela é parceira do produtor. Ela sempre vai ter o melhor preço,
se ela te falar que está vendendo um produto que custa R$ 100 mil, eu tenho
certeza que custa, porque é confiança. Todos os funcionários das cooperativas,
são cooperados, eu mesmo sou do conselho fiscal, então, todos estamos lá
dentro, acompanhando todo o processo”, contou.
O produtor explica que, a relação do
cooperado com a cooperativa normalmente se dá por troca. No caso dele, a
cooperativa fornece os insumos para a produção, como sementes e fertilizantes
e, em troca, ele vende o resultado do produto para ela.
“É uma empresa como outra, o que
distingue é que ela trabalha com uma margem de lucro menor, não é tão
capitalista. Se ela tem uma margem de lucro menor, a intenção não é ganhar
dinheiro, é mais dividir como os associados. Eu, como cooperado, quando ncompro
o produto, funciona como se eu tivesse uma ação dentro da empresa, uma conta,
ela me fornece os insumos e eu entrego a minha produção para ela. Eu compro
tudo dela e vendo para ela”, explica.
Segundo Max, as cooperativas ajudam o
produtor a ganhar mais dinheiro. “A cooperativa não tem ganância de lucro a
qualquer preço. Se ela te oferecer um produto, você pode ter certeza que é o
melhor do mercado. Empresa privada não é assim, ela quer tirar o dela a
qualquer preço e a essência do cooperativismo é social, é distribuição de
renda, é o balanceamento do negócio, os dois tem que estar no equilíbrio”,
completou o produtor rural.
Tecnoshow 2017
Palestra sobre cooperativismo: quarta-feira (5), às 11h, no auditório 2
Local: Centro Tecnológico Comigo (CTC) - Anel Viário Paulo Campos, Km 7, Zona
Rural de Rio Verde
Data: de 3 a 7 de abril
Horário: entre 8h e 18h
Entrada gratuita
* Danielle Oliveira é integrante do
programa de estágio entre a TV Anhanguera e Faculdades Alfa, sob orientação de
Elisângela Nascimento.
Danielle Oliveira*,
G1 GO